Monday, October 29, 2007

"QUANDO GALILEU DEMONSTROU QUE A TERRA GIRAVA, JÁ O PESSOAL DOS COPOS SABIA DISSO HAVIA SÉCULOS"

Jantar 2 de Novembro ( Sexta-Feira) de 2007

O Jantar "Tertuliano" de 2 de Novembro ( sexta-feira) será aprtir das 19,30 horas , no TÓZE ( Paço dos Negros - Almeirim - Portugal)
De acordo com as regras gastronómicas da TERTÚLIA a " cabidela" será á moda da " Ribeira de Muge"

A mentira do atestado médico

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e
vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar. O despertador avariou durante a noite. Ou fica
preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o
quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua
imaculada camisa.

Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.

Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é
complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como
justificá-la?
Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de
ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir
para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e
malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa
aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só
uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao
médico. E, a partir este momento, a situação deixa de ser divertida
para passar a ser hilariante.
Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o
sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e
a felicidade do padre Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se
um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da
psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose
colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.

O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está
doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O
director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da
Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda
a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado
médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não
toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que
está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país
doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional,
útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo
que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a
mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma
mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já
Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao
teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados.

Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho
a ver o "ET", que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o
ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se
confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção
fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus me
perdoe. A começar pela política. Os nossos políticos são
descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos
habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade,
mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há
boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a
uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica
ofendida se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a
nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu
vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante
ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei. Nós,
portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que
assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos
(não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais
felicíssimos e com vidas de sonho.

Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros.
Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo. Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio

Thursday, October 18, 2007

JANTAR DE 12 de OUTUBRO DE 2007

Realizou-se na "Clinica do Vinagre" o jantar Tertuliano de 12 de Outubro de 2007.
Estamos à espera que um dos tertulianos nos envie as fotos!

A TESE DE DOTOURAMENTO

FÁBULA...dos nossos tempos!
A TESE DO COELHO Era um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali a raposa e viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar.
No entanto, ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:
Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?
Estou redigindo a minha tese de doutorado - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?
- Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
Ora!!! Isso é ridículo!!! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois se ouvem alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio.
Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela
concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho.

Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ah!!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...

- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca....

O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte.
Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois se ouvem uivos desesperados, ruídos de mastigação e ... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redacção da sua tese, como se nada tivesse acontecido.
Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos.

Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.

MORAL DA HISTÓRIA:
1. Não importa quão absurdo é o tema de sua tese;
2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se as suas experiências nunca cheguem a provar sua teoria;
4. Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos...


- 5. O que importa é QUEM É O SEU PADRINHO